segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

CONFIRA 5 LIVRO DE DARCY RIBEIRO



Antropólogo conhecido por abordar questões étnicas e sociais, Darcy Ribeiro sofreu de falência múltipla dos órgãos tendo que passar por tratamentos regulares. Para se dedicar na finalização de seu último livro, O povo brasileiro, Ribeiro deixa o hospital e encerra a coleção de seus Estudos de Antropologia da Civilização.

Suas ideias de identidade latino-americana influenciaram vários estudiosos posteriores. Como Ministro da Educação do Brasil realizou profundas mudanças que o levou a ser convidado a participar de reformas universitárias no Chile, no Peru, na Venezuela, no México e no Uruguai, depois de deixar o Brasil devido à ditadura militar na década de 1960.

É lembrando dele que convidamos a conhecer melhor 5 obras de um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve.



O povo brasileiro

Por que o Brasil ainda não deu certo? Quando chegou ao exílio no Uruguai, em abril de 1964, Darcy Ribeiro queria responder a essa pergunta na forma de um livro-painel sobre a formação do povo brasileiro e as configurações que ele foi tomando ao longo dos séculos. A resposta veio com este que é sua obra mais ambiciosa. Trata-se de uma tentativa de tornar compreensível, por meio de uma explanação histórico-antropológica, como os brasileiros se tornaram o que são hoje.



A volta por cima

Com franqueza cristalina e olhar certeiro, Darcy surge por inteiro. E é assim que, segundo o organizador, as pessoas devem se lembrar dele: peregrino incansável caminhando, sem tréguas, atrás da realização de suas utopias.



Maíra

O autor revive aqui as emoções dos anos em que conviveu com os índios. O livro narra a história de um índio que, adotado por um padre e convencido a seguir o sacerdócio, questiona sua verdadeira fé e entra em conflito por ter abandonado seu povo.



O mulo
Em segundo romance, Darcy narra, de forma envolvente, os problemas do Brasil: os desmandos políticos e toda a carga de violência nele embutida. Uma obra provocadora, em que o escritor retrata a história do nosso povo do campo, os sertanejos goianos e mineiros que sofrem diariamente com as asperezas de seu cotidiano de trabalho.



Testemunho

Reunião de textos retirados de revistas, entrevistas, e livros que Darcy reorganizou como peças de um jogo de armar.Darcy conta de sua formação intelectual, expõe as bases de seu pensamento, que deixava jorrar e explodir em frases velozes quando falava, e, quando escrevia fazendo ecoar em cada frase sua paixão de arauto de uma fé desafiadora e urgente.








ESTANTE VIRTUAL. Disponível em:
< http://blog.estantevirtual.com.br/2017/02/17/20-anos-sem-darcy-ribeiro-8-livros-do-antropologo/ > . Acesso: 20 fevereiro 2017

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

8 FATOS SOBRE MALALA YOUSAFZAI



De acordo com o site Caras, Malala Yousafzai logo após ganhar o Prêmio Nobel da Paz, virou assunto a ser discutido. Com apenas 17 anos, Malala Yousafzai, lutou pelos direito da mulher na sociedade após o Taliban proibir meninas de ir à escola. Ser a voz feminina que se opunha ao poder Talibanês quase lhe custou a vida, sobreviveu em outubro de 2012 a um disparo na cabeça. Veja algumas curiosidades sobre a jovem ativista.

Nome
Seu primeiro nome significa “agoniado” e foi escolhido por causa de Malalai de Maiwand, uma poeta e guerreira do Afeganistão. 
Profissão
Ela confessou a uma repórter, certa vez, que gostaria de ser médica, contrariando seu pai que gostaria que ela seguisse carreira política. 
Família
Malala tem dois irmãos mais novos chamados Ziauddin e Tor Pekai.
Bicho de estimação
Ao invés de um gato ou cachorro, a garota tinha duas galinhas como bichos de estimação em sua casa em Mingora. 
Codinome
Malala ficou conhecida após fazer um blog para a BBC, usando o nome Gul Makai, explicando como era sua vida sob o regime talibã. 
Nobel
Com o prêmio que ganhou em 2013, Malala foi a mais jovem ganhadora do Nobel, aos 17 anos. Ela ultrapassou o físico Lawrence Bragg, que tinha 25 anos quando ganhou o Nobel em 1915. 
Prêmios
Além do Nobel, a ativista ganhou uma série de homenagens nos últimos anos como o Prêmio Jovem Nacional da Paz, em 2011, e o Prêmio Simone de Beauvoir, em 2013. 
Livro
Seu livro, Eu Sou Malala, foi banido das escolas do Paquistão porque poderia levar os alunos a questionar as coisas. 
Anne Frank
Outra curiosidade sobre o livro é que ele foi comparado à O Diário de Anne Frank (que contava a história de uma menina judia durante o nazismo). 

Veja a matéria completa:
10 curiosidades sobre Malala Yousafzai




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Fonte:

CARAS. Disponível em:
< http://caras.uol.com.br/tv/malala-yousafzai-ganhadora-do-nobel-e-ativista-10-curiosidades#.WKGQxNIrIdU >. Acesso: 13 fevereiro 2017

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

5 ESCRITORAS PARA 2017



Confira 5 obras da lista de recomendações da Estante Virtual para 2017

"Uma seleção para preencher 2017 com histórias contadas por mulheres do mundo todo. As escolhas vão desde mundos fantásticos aos livros de não ficção. Um para cada mês do ano. “Who run the world?/ Girls!" (ESTANTE VIRTUAL)



Outlander - A Viajante do Tempo, por Diana Gabaldon

Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743,numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros.

Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?



A vida que ninguém vê, por Eliane Brum

Uma repórter em busca dos acontecimentos que não viram notícia e das pessoas que não são celebridades. Uma cronista à procura do extraordinário contido em cada vida anônima. Uma escritora que mergulha no cotidiano para provar que não existem vidas comuns. O mendigo que jamais pediu coisa alguma. O carregador de malas do aeroporto que nunca voou. O macaco que ao fugir da jaula foi ao bar beber uma cerveja. O álbum de fotografias atirado no lixo que começa com uma moça de família e termina com uma corista. O homem que comia vidro, mas só se machucava com a invisibilidade.

Essas fascinantes histórias da vida real fizeram sucesso no final dos anos 90, quando as crônicas-reportagens eram publicadas na edição de sábado do jornal Zero Hora. Reunidas agora em livro, formam uma obra que emociona pela sensibilidade da prosa de Eliane Brum e pela agudeza do olhar que a repórter imprime aos seus personagens - todos eles tão extraordinariamente reais que parecem saídos de um livro de ficção.



Vintém de cobre: Meias confissões de Aninha, de Cora Coralina

No tempo do mil-réis, o vintém de cobre era a moeda mais desvaliosa, aquela que mal comprava um doce. Por modéstia e também um pouco por malícia (talvez muita malícia), Cora Coralina batizou com o nome da velha moeda as suas quase memórias, ou meias-confissões, como ela prefere, redigidas em versos. 

É um livro tumultuado, aberrante, da rotina de se fazer e ordenar um livro./ Tumultuado, como foi a vida daquela que o escreveu. Vida tumultuada, cheia de esbarrões do destino que, em vez de provocar desânimo, despertaram no espírito de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas (nome verdadeiro de Cora Coralina) uma fibra de guerreira e uma sabedoria simples, por vezes meio marota, feita de respeito e piedade pelo ser humano, sobretudo pelos que sofrem, mas também com um fundo de ironia mansa e de malícia sem maldade, um humor típico da gente do interior, um sarcasmo angelical (se é que há sarcasmo entre os anjos), mistura de humildade franciscana e revolta diante das estúpidas repressões da sociedade e da dureza dos costumes antigos, sob os quais se criou, foi educada e que lhe deixou marcas tão profundas na alma: 

Na casa antiga, castigos corporais e humilhantes, coerção,/ atitudes impostas, ascendência férrea, obediência cega./ Filhos foram impiedosamente sacrificados e despojados./ E para alguma rebeldia indomável, lá vinha a ameaça terrível, impressionante/ da maldição da mãe, a que poucos resistiam./ Do resto prefiro não esmiuçar.Os poemas de Vintém de Cobre são todos escritos neste tom simples e comunicativo, num lirismo quase de toada sertaneja, ricos de experiência humana. Talvez por pudor, ou autodefesa, nunca revelam toda a dureza dos fatos. Ficam nas meias-confissões. E por malícia são chamados de vintém de cobre quando, na realidade, constituem a mais pura e autêntica moeda de ouro.



Americanah, por Chimamanda Ngozi Adichie

Nascida no dia 15 de setembro de 1977 na Nigéria, Chimamanda Ngozi Adichie publicou seu primeiro romance, Hibisco roxo, em 2003. O segundo, Meio sol amarelo, ganhou o importante Orange Prize em 2007. A autora é voz importante na luta pelo direito das mulheres, tendo escrito,
inclusive, as obras Sejamos todos feministas e Americanah – uma história de amor implacável que trata de questões de raça, de gênero e de identidade. Bem-humorado, sagaz e sensível, esta obra é, além de um romance arrebatador, um épico contemporâneo.




Fim, de Fernanda torres

O romance de estreia de Fernanda Torres traz um grupo de amigos cariocas às voltas com a morte e as próprias frustrações. Com uma narrativa leve e a partir de diferentes pespectivas, Fernanda conta e reconta os fatos, deixando a história ainda mais rica e envolvente. Com Fim, seu primeiro romance, a atriz consolida sua transição para o universo das letras e mostra que, nesse âmbito, é uma artista tão completa quanto no palco ou diante das câmeras.








Veja a matéria completa:
→ 12 escritoras para ler em 2017










ESTANTE VIRTUAL. Disponível em:
< http://blog.estantevirtual.com.br/2017/01/12/12-escritoras-para-ler-em-2017/ >. Acesso: 08 fevereiro 2017

SKOOB. Disponível em:
< https://www.skoob.com.br/ >. Acesso: 08 fevereiro 2017

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CHICO BUARQUE CONQUISTA PRÊMIO FRANCÊS DE LITERATURA


De acordo com o site de notícias Brasil 247, o escritor e compositor brasileiro, Chico Buarque, foi vencedor do prêmio literário francês, Roger Caillois, na categoria Literatura Latino-Americana. Tal escolha é justificada em seu seu trabalho ao todo. Suas obras literárias são conhecidas na França pela editora Gallimard.

Criado por Roger Caillois, sociólogo e autor de críticas da literatura francesa, o Prêmio Roger Caillois ergueu-se em 1991 pelo PEN Club da França em parceria com a Casa da América Latina e a Sociedade dos escritores e amigos de Caillois, Tal premiação destaca Buarque junto a grandes autores internacionais, bem como Mario Vargas Llosa, vencedor do prêmio de mesma categoria.

A principal relação entre os livro de Chico Buarque está no uso de um personagem principal no masculino que permanece quase sempre alheio ao mundo exterior, como se fosse um estrangeiro onde quer que esteja. Assim, suas relações com os outros e com a sociedade é quase sempre mediada por essa imagem turva, labiríntica e alucinada na cidade contemporânea. Chico Buarque é um autor que procura e ousa, e na maioria das vezes chega bem perto de algum lugar muito relevante na história da literatura brasileira e da arte atual.

Confira abaixo as 5 melhores obras literárias de Chico Buarque:




Leite Derramado (2009) é o penúltimo livro do escritor e, por acaso, o pior. Conta a história de um velho que, na cama de um hospital, nos últimos momentos da vida, relembra o seu passado e tenta recompor sua história. A fixidez do velho e o excesso de lembranças que passam por eles, vindas desde o surgimento da família lá com os portugueses até à decadência socioeconômica do presente, desloca a narrativa daquilo que Chico vinha se especializando em fazer: montar um mundo alucinado. A memória, sempre mais lenta que qualquer gesto, esfria o livro e faz que tudo fique estático, imaginativo, burguês, como se Chico, enfim, tratasse da quantidade de tradições que ele próprio é obrigado a carregar e não consegue escapar. Parece o livro de um homem que vislumbra no retrovisor o fim da vida e precisa, de alguma forma, ficcionalizar as memórias a fim de que elas se tornem mais claras e palpáveis.




Recorrendo ao alegórico e ao grotesco, com singular equilíbrio formal, Chico Buarque nos oferece em “Fazenda Modelo” umanarrativa que, partindo da aparência incomum, leva o leitor às mais sérias meditações sobre o dia-a-dia. Segundo o editor Ênio Silveira, essa obra “planta em nossa consciência de leitores a semente que germinará, transformando-se em perguntas que nos faremos e em respostas que obrigatoriamente teremos de buscar dentro de nós
mesmos”.





Ópera do Malandro

Escrita em 1978, a peça retrata através da época Getulista os mecanismos da expansão capitalista no Brasil. Identificando o modo como isso se estrutura através da malandragem, Max Overseas, malandro carioca e bom vivant, acaba sucumbindo por não acompanhar esse processo de modernização. 
Nesta montagem, a peça é trazida para os dias atuais, compreendendo a malandragem como um sistema que se recicla e se aperfeiçoa através da história política e econômica do Brasil.





Budapeste

Ao concluir a autobiografia romanceada "O Ginógrafo", a pedido de um bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa, um escritor fantasma de talento fora do comum, se vê diante de um impasse criativo e existencial. Escriba exímio, "gênio", nas palavras do sócio, que o explora na "agência cultural" que dividem em Copacabana, Costa, meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar "alta literatura". Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde buscará a redenção no idioma húngaro, "segundo as más línguas, a única língua que o diabo respeita". Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um senso de humor muito particular, "Budapeste" é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance, e que levaram o professor José Miguel Wisnik a afirmar que se trata de "um romance do duplo". Tenso e à vontade, cultivado e coloquial, belo e grotesco, "Budapeste" traz a perfeição narrativa de "Estorvo" e "Benjamim" e confirma Chico Buarque como um dos grandes romancistas brasileiros da atualidade.



O Irmão Alemão 

A narrativa se estrutura numa constante tensão entre o que de fato aconteceu, o que poderia ter sido e a mais pura imaginação. Na São Paulo dos anos 1960, o adolescente Francisco de Hollander, ou Ciccio, encontra uma carta em alemão dentro de um volume na vasta biblioteca paterna, a segunda maior da cidade. Em meio a porres, roubos recreativos de carros e jornadas nem sempre lícitas a livros empoeirados, surgem pistas que detonam uma missão de vida inteira. Ao tentar traçar o destino de seu irmão alemão, parece também estar em jogo para o narrador ganhar o respeito do pai, que, apesar dos arroubos intelectuais de Ciccio, tem mais afinidade com Domingos, ou Mimmo, seu outro filho, galanteador contumaz, leitor da Playboy e da Luluzinha, e sempre a par das novas sobre Brigitte Bardot. A despeito das tentativas de mediação da mãe, Assunta - italiana doce e enérgica, justa e com todos compreensiva -, a relação dos irmãos é quase feita só de silêncio, competição e ressentimento.
Num decurso temporal que chega à Berlim dos dias presentes, e que tem no horror da ditadura militar brasileira e nos ecos do Holocausto seus centros de força, O irmão alemão conduz o leitor por caminhos vertiginosos através dessa busca pela verdade e pelos afetos.





Fontes:

BRASIL 247. Disponível em:

NOTA TERAPIA. Disponível em:

SKOOB. Disponível em:
https://www.skoob.com.br/ >. Acesso: 03 fevereiro 2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

4 LIVROS DE MILTON HATOUM QUE VOCÊ PRECISA LER


Milton Hatoum, autor de Dois Irmãos, grande obra que ganhou destaque após a adaptação para a TV  brasileira.


Hatoum costuma em suas obras falar de lares desestruturados com uma leve tendência política. Em suas duas últimas obras, Dois Irmãos e Cinzas do Norte, Milton Hatoum fez uma sutil crítica ao regime militar brasileiro.

Nascido em 1952, Milton Hatoum estreou na ficção com Relato de um certo Oriente, publicado em 1989 e vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance do ano. O escritor e tradutor brasileiro, descendente de libaneses, trabalhou como jornalista cultural e foi professor universitário de História da Arquitetura. Em 1980 viajou como bolsista para a Espanha, onde morou em Madri e Barcelona. Depois passou três anos em Paris, onde estudou literatura comparada na Sorbonne.

Sob a crítica do autor, outros 4 excelentes livros de Hatoum, anterior a Dois Irmãos, foram premiados ganhando tradução em 12 línguas e publicadas em 14 países. Confira:



Após um longo período de ausência, uma mulher regressa a Manaus, cidade de sua infância. Deseja encontrar Emilie, a extraordinária matriarca de uma família libanesa há muito radicada ali. Encontra a casa desfeita — como desfeitas para sempre estão as casas da infância. Situado entre o Oriente e o Amazonas, este relato é a busca de um mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas das personagens, longínquos ecos da tradição oral dos narradores orientais.





Órfãos do Eldorado

Na pele de personagens como Arminto e Dinaura, Florita e Estiliano, Milton Hatoum concentra — num relato de sonho e pesadelo, ambientado no final do ciclo seringueiro na Amazônia — a vasta matéria que vem explorando desde Relato de um certo Oriente, Dois irmãos e Cinzas do Norte. Numa cidade à beira do rio Amazonas, um passante vem procurar abrigo à sombra de um jatobá e, incauto ou curioso, dispõe-se a ouvir um velho com fama de louco. É o que basta para Arminto Cordovil começar a contar a história de Órfãos do Eldorado: a história de seu próprio amor desesperado por Dinaura, mas também a crônica de uma família, de uma região e de toda uma época que, à base da seiva da seringueira, quis encarnar os sonhos seculares de um Eldorado amazônico.




Cinzas do Norte

Cinzas do Norte, terceiro romance de Milton Hatoum, é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la. Na Manaus dos anos 50 e 60, dois meninos travam uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo, de apelido Lavo, o narrador, menino órfão, criado por dois tios mal-e-mal remediados, que cresce à sombra da família Mattoso; de outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alícia, mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano. No centro das ambições de Trajano está a Vila Amazônia, palacete junto a Parintins, sede de uma plantação de juta e pesadelo máximo de Mundo. A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem sabe para investigar suas angústias mais profundas, o jovem engalfinha-se numa luta contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam o poder em 1964 e dão início à vertiginosa destruição de Manaus. Nessa luta que se transforma em fuga rebelde, o rapaz amplia o universo romanesco, que alcança a Berlim e a Londres irrequietas da década de 1970, de onde manda sinais de vida para o amigo Lavo, agora advogado, mas ainda preso à cidade natal.



Um solitário à espreita

Além de ficcionista, Hatoum também é cronista de mão cheia, espraiando seu texto leve e inteligente por diversas publicações. Dividido em quatro seções que dão conta de temas como língua e literatura, a realidade, a memória e os afetos, além de pequenas fabulações, Um solitário à espreita traz para a forma da crônica, este gênero tradicionalmente praticado por alguns dos melhores autores brasileiros, a visão de mundo e as opiniões de Milton Hatoum. O futuro da literatura, a dureza dos anos vividos sob o regime militar, a realidade cambiante das nossas grandes cidades – tudo isso vem embalado numa prosa tão gentil quanto especulativa, tão sagaz quanto calorosa. Um passeio delicioso, em suma.


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ESTANTE VIRTUAL. Disponível:
< http://blog.estantevirtual.com.br/2017/01/31/milton-hatoum-muito-alem-de-dois-irmaos/ >. Acesso: 01 fevereiro 2017.