sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CHICO BUARQUE CONQUISTA PRÊMIO FRANCÊS DE LITERATURA


De acordo com o site de notícias Brasil 247, o escritor e compositor brasileiro, Chico Buarque, foi vencedor do prêmio literário francês, Roger Caillois, na categoria Literatura Latino-Americana. Tal escolha é justificada em seu seu trabalho ao todo. Suas obras literárias são conhecidas na França pela editora Gallimard.

Criado por Roger Caillois, sociólogo e autor de críticas da literatura francesa, o Prêmio Roger Caillois ergueu-se em 1991 pelo PEN Club da França em parceria com a Casa da América Latina e a Sociedade dos escritores e amigos de Caillois, Tal premiação destaca Buarque junto a grandes autores internacionais, bem como Mario Vargas Llosa, vencedor do prêmio de mesma categoria.

A principal relação entre os livro de Chico Buarque está no uso de um personagem principal no masculino que permanece quase sempre alheio ao mundo exterior, como se fosse um estrangeiro onde quer que esteja. Assim, suas relações com os outros e com a sociedade é quase sempre mediada por essa imagem turva, labiríntica e alucinada na cidade contemporânea. Chico Buarque é um autor que procura e ousa, e na maioria das vezes chega bem perto de algum lugar muito relevante na história da literatura brasileira e da arte atual.

Confira abaixo as 5 melhores obras literárias de Chico Buarque:




Leite Derramado (2009) é o penúltimo livro do escritor e, por acaso, o pior. Conta a história de um velho que, na cama de um hospital, nos últimos momentos da vida, relembra o seu passado e tenta recompor sua história. A fixidez do velho e o excesso de lembranças que passam por eles, vindas desde o surgimento da família lá com os portugueses até à decadência socioeconômica do presente, desloca a narrativa daquilo que Chico vinha se especializando em fazer: montar um mundo alucinado. A memória, sempre mais lenta que qualquer gesto, esfria o livro e faz que tudo fique estático, imaginativo, burguês, como se Chico, enfim, tratasse da quantidade de tradições que ele próprio é obrigado a carregar e não consegue escapar. Parece o livro de um homem que vislumbra no retrovisor o fim da vida e precisa, de alguma forma, ficcionalizar as memórias a fim de que elas se tornem mais claras e palpáveis.




Recorrendo ao alegórico e ao grotesco, com singular equilíbrio formal, Chico Buarque nos oferece em “Fazenda Modelo” umanarrativa que, partindo da aparência incomum, leva o leitor às mais sérias meditações sobre o dia-a-dia. Segundo o editor Ênio Silveira, essa obra “planta em nossa consciência de leitores a semente que germinará, transformando-se em perguntas que nos faremos e em respostas que obrigatoriamente teremos de buscar dentro de nós
mesmos”.





Ópera do Malandro

Escrita em 1978, a peça retrata através da época Getulista os mecanismos da expansão capitalista no Brasil. Identificando o modo como isso se estrutura através da malandragem, Max Overseas, malandro carioca e bom vivant, acaba sucumbindo por não acompanhar esse processo de modernização. 
Nesta montagem, a peça é trazida para os dias atuais, compreendendo a malandragem como um sistema que se recicla e se aperfeiçoa através da história política e econômica do Brasil.





Budapeste

Ao concluir a autobiografia romanceada "O Ginógrafo", a pedido de um bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa, um escritor fantasma de talento fora do comum, se vê diante de um impasse criativo e existencial. Escriba exímio, "gênio", nas palavras do sócio, que o explora na "agência cultural" que dividem em Copacabana, Costa, meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar "alta literatura". Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde buscará a redenção no idioma húngaro, "segundo as más línguas, a única língua que o diabo respeita". Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um senso de humor muito particular, "Budapeste" é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance, e que levaram o professor José Miguel Wisnik a afirmar que se trata de "um romance do duplo". Tenso e à vontade, cultivado e coloquial, belo e grotesco, "Budapeste" traz a perfeição narrativa de "Estorvo" e "Benjamim" e confirma Chico Buarque como um dos grandes romancistas brasileiros da atualidade.



O Irmão Alemão 

A narrativa se estrutura numa constante tensão entre o que de fato aconteceu, o que poderia ter sido e a mais pura imaginação. Na São Paulo dos anos 1960, o adolescente Francisco de Hollander, ou Ciccio, encontra uma carta em alemão dentro de um volume na vasta biblioteca paterna, a segunda maior da cidade. Em meio a porres, roubos recreativos de carros e jornadas nem sempre lícitas a livros empoeirados, surgem pistas que detonam uma missão de vida inteira. Ao tentar traçar o destino de seu irmão alemão, parece também estar em jogo para o narrador ganhar o respeito do pai, que, apesar dos arroubos intelectuais de Ciccio, tem mais afinidade com Domingos, ou Mimmo, seu outro filho, galanteador contumaz, leitor da Playboy e da Luluzinha, e sempre a par das novas sobre Brigitte Bardot. A despeito das tentativas de mediação da mãe, Assunta - italiana doce e enérgica, justa e com todos compreensiva -, a relação dos irmãos é quase feita só de silêncio, competição e ressentimento.
Num decurso temporal que chega à Berlim dos dias presentes, e que tem no horror da ditadura militar brasileira e nos ecos do Holocausto seus centros de força, O irmão alemão conduz o leitor por caminhos vertiginosos através dessa busca pela verdade e pelos afetos.





Fontes:

BRASIL 247. Disponível em:

NOTA TERAPIA. Disponível em:

SKOOB. Disponível em:
https://www.skoob.com.br/ >. Acesso: 03 fevereiro 2017